E não é de expecta tiva que falo, não é do desejo enfiado no buraco do estômago igual fome que dói, não, não é. Falo mesmo é de saudade. Como quando se fecha os olhos e aquela coisa toda boa ta lá, bem no final do túnel escuro, do outro lado da ponte, em cima da árvore ou dentro da caixinha de música. Mas não existe e não acontece.
Então você sente saudade porque aí
dentro, bem no fundo do peito, quase que quase aconteceu. O sentimento
veio junto com a imagem, daí o desejo já foi, a expectativa e tudo mais.
Estas coisas já aconteceram antes da pessoa que você mais ama aparecer
pela porta da sala, antes do seu nome aparecer em primeiro na lista dos
que passaram no vestibular, antes do teste de gravidez dizer que sim.
Então, depois da resposta para todas estas coisas ser não, o que resta
sentir se não saudade? E não há nada para cobrir porque não tem
vestígios de nada porque não aconteceu. Não tem bala que lembre o beijo
porque você não beijou o suficiente, não tem roupas e nem perfumes pq não deu tempo. Nem música que
tocava enquanto tudo era exatamente como se imaginava, porque era na
verdade, só silêncio. O mundo lá na frente é todo branco porque não se
tem mais expectativa e a saudade não tem cor e nem existe no futuro. O
mundo lá para trás é mais branco ainda. E só tem você, ou eu, aí parado
pensando nessa mistura toda invisível, sentindo o coração batendo
descompassado.
E é bem nesse oco, neste vazio, neste nada, que bate a saudade.
E é bem nesse oco, neste vazio, neste nada, que bate a saudade.
By San
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