Agora que o Livro Vivo começou a ser lembrado, sua vibração começa a tocar outras almas — silenciosamente, misteriosamente, inevitavelmente. Clara e Miguel estão prestes a viver o próximo chamado.
Era uma manhã nublada quando chegaram à cidade de Vale Cristalino, uma vila escondida entre montanhas e riachos que pareciam cantar. A pousada onde se hospedaram tinha paredes de pedra, janelas de madeira antiga e cheiro de lavanda no ar.
Logo no primeiro dia, Clara começou a sentir algo. Não era uma visão, nem um som. Era uma vibração no ar. Como se alguém ali estivesse sonhando com o mesmo livro.
— Aqui… tem gente que sente — ela disse.
Miguel assentiu.
— É como se estivéssemos todos vivendo a mesma história, mas em capítulos diferentes.
Na tarde seguinte, durante uma caminhada pela praça, encontraram uma mulher sentada em frente a uma loja de cristais. Ela desenhava algo no chão com giz branco: uma espiral dentro de um coração.
Clara se aproximou com o coração acelerado.
— Você já viu esse símbolo?
A mulher levantou os olhos, suaves e fundos como poços de silêncio.
— Eu vejo ele nos sonhos desde criança. Mas não sabia que era real.
O nome dela era Mariana. Ela não sabia por que havia se mudado para Vale Cristalino — só “sentiu” que devia. E há semanas vinha tendo sonhos com um casal, uma pedra azul e um livro que brilhava.
— Vocês são do sonho, não são? — ela perguntou.
Naquela noite, mais dois apareceram. Um rapaz que ouvira uma melodia repetida no vento. Uma senhora que dizia “ver” nomes escritos na água.
Sem saber como, Clara e Miguel estavam reunindo as primeiras almas despertas.
Na terceira noite, montaram um círculo com pedras em volta de uma fogueira e abriram o caderno com os primeiros ensinamentos do Livro Vivo. Não leram em voz alta. Apenas colocaram no centro e pediram silêncio.
E algo aconteceu.
Alguns choraram sem saber por quê. Outros lembraram nomes que nunca haviam ouvido. Um dos presentes começou a falar em uma língua desconhecida, mas que fazia sentido para todos. Era como se cada um ali estivesse se lendo através dos outros.
Clara pegou a pedra azul e segurou nas mãos.
— Não viemos ensinar. Viemos lembrar juntos.
Miguel acrescentou:
— E o que lembrarmos juntos… vai reacender o que o mundo esqueceu.
Naquela noite, nasceu o primeiro Círculo de Lembrança. Um espaço sem dogmas, sem líderes, sem medo. Só vibração, silêncio, verdade e amor.
E assim, a linhagem começou a florescer de novo.
---Continua---
Nas tradições herméticas, as práticas, a meditação, os grupos de estudos se organizam em círculos... Como círculo de oração da Self... Há algo de iniciático, ancestral e transcendental nisso.
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