Enquanto isso, Clara e Miguel continuam viajando, não mais só em busca de algo, mas levando algo que sempre esteve com eles.
Depois do primeiro Círculo de Lembrança em Vale Cristalino, algo mudou. Não apenas para Clara e Miguel, mas para o mundo ao redor deles. A vibração que antes era sutil agora começava a ecoar por caminhos invisíveis.
— As palavras estão se espalhando sem som — Miguel disse certa noite. — É como se as almas falassem entre si, em silêncio.
Mensagens começaram a chegar. Pessoas dizendo que haviam sonhado com o mesmo círculo. Que ouviram o nome de Clara sem nunca tê-la encontrado. Ou que encontraram o símbolo da espiral em pedras, folhas, reflexos.
Assim nasceram novos encontros: no topo de uma montanha no Tibet, nas dunas do sul, em uma praia isolada da Costa Rica. Cada Círculo era único, mas todos carregavam a mesma energia: lembrança profunda, conexão verdadeira, lágrimas sem dor.
Em cada novo grupo, alguém se tornava o ponto de ancoragem. Não líderes, mas Guardadores temporários. Como Mariana havia sido em Vale Cristalino. Como Clara e Miguel haviam sido no início.
E com cada grupo, vinham experiências individuais que acendiam o coletivo.
Em uma clareira no sul da África, um homem chamado Davi tocou um tambor de forma quase instintiva durante o círculo. Ao bater três vezes, caiu de joelhos. Chorava com força, como se desabasse séculos de dor.
Depois, contou entre soluços que havia visto a si mesmo em outra vida, com roupas rasgadas e mãos sujas de sangue. Mas o que o libertou foi ver que Clara estava lá, naquela vida, curando-o com um canto de luz.
— Eu fui escuridão… e você cantou até que eu voltasse a ser luz — ele disse.
Clara o abraçou, em silêncio. E todos no círculo sentiram que não estavam apenas vendo uma cura individual, mas participando dela.
Em um templo abandonado nos Andes, um grupo ouviu o vento soprar dentro da pedra. Literalmente. O som parecia falar uma palavra repetidamente: "recordar". Uma mulher que nunca havia meditado entrou em transe e começou a escrever palavras desconhecidas — símbolos da mesma escrita que Clara vira no templo das estrelas.
Na Patagônia, durante um círculo à beira de um lago congelado, uma jovem chamada Luna viu todos os presentes envoltos em luz dourada. Quando desenhou no chão o que viu, criou um novo símbolo — dois triângulos entrelaçados, apontando em direções opostas.
Clara e Miguel o reconheceram. Era o símbolo da Aliança dos Mundos — usado na linhagem para representar a união entre o visível e o invisível, entre o que fomos e o que escolhemos ser.
E assim, o Livro Vivo crescia. Não como um objeto, mas como consciência compartilhada. Um campo de energia sendo reativado no planeta, uma lembrança sutil entre pessoas que já estavam prontas para sentir mais do que os olhos podiam ver.
Clara e Miguel, mesmo cansados em alguns dias, sentiam-se carregados pela missão. Eles sabiam que não precisavam chegar a todos. Apenas continuar seguindo. A vibração faria o resto.
— O caminho nos chama como um eco da nossa própria alma — Miguel disse uma noite.
— E agora, não somos mais dois — Clara respondeu. — Somos muitos… que se lembram juntos.
---Continua---
Gosto muito do rumo que a história toma... É um despertar, uma iniciação coletiva... Um despertar... Sabe tenho lido muito, estudado muito as coisas do mistério, do etéreo... Pois a essa altura da vida esse conhecimento, transformado em experiência, embora doloroso, é libertador... Está sendo um real prazer essa leitura, me vejo dentro das vivências que descreve, e acho que todos os demais leitores perceberão igual!
ResponderExcluirAhhh, que felicidade ler isso!!
ExcluirSaber que está se vendo dentro das vivências, e sentindo tudo é maravilhoso, gratidão!
Espero que todos tenham a mesma percepção.🙌🙏
Gratidão por cada comentário... Saber que meus escritos estão sendo lidos e sentidos, me faz querer postar mais e mais... Quem sabe consigo assim, terminá-lo, e quem sabe, lança-lo no futuro! 🙏🙌☺️
"As estrelas me fazem lembrar..."🥹🙏✨
Sim! A iluminação se inicia pelo despertar, e despertar não é descobrir algo novo, é se conectar com a fonte primordial. Ou seja, apenas uma questão de nós lembrarmos d quem realmente somos. Songyal Rimpoche (acho que é assim que se escreve) disse ser impossível descrever a iluminação, pois ela é, é óbvia, já está em nós... Talvez, certamente o é, apenas um ato de se livrar das camadas de lixo, de escória que nos envolve, retirar o véu da ignorância, despertar e deixar nossa luz brilhar, o que torna este propósito tão difícil é a realidade hostil, que nos distrai... Lendo este capítulo tive um sentimento diferente, uma espécie de nostalgia... Um desejo de frescor, de liberdade e perigo... Queria ver isso que descreve com tanta beleza e sensibilidade acontecer...
ResponderExcluirObrigada por me ler com tanto cuidado, emoção e coração, pois essas págs são para sentir!
ResponderExcluirEu tbm venho esperando isso tudo acontecer desde que nasci. Sabe? O mundo está um caos, a escória se fez por aqui... e essas páginas que escrevo com tanto amor, para todos os despertos como nós, serve para que todos tenham uma leitura fora da caixa, fora do mundo...com sonhos lúcidos, reencontros de almas, viagens astrais, percepções de quem são...pois somos seres das estrelas e adormecemos ao vir pra cá, e precisamos todos, lembrar-mos de quem somos!🥹
Espero que continue gostando do que amorosamente posto aqui, pq não é fácil colocar em palavras o que a alma dita, principalmente vivendo ao redor de tamanho caos 😔
Mas entendi que seja como estiver o mundo; a compaixão, o amor, o carinho e um abraços apertado, transforma uma vida e o planeta...como;
" A LUZ QUE ILUMINA O MUNDO E O UNIVERSO INTEIRO...🙌🙏🫶✨
ÀS ESTRELAS ME FAZEM LEMBRAR🙏🫶✨✨✨🦁