Capítulo 45

               A Biblioteca de Eluhim.

Adentramos os corredores sagrados da maior biblioteca do mundo intraterreno — um lugar onde o tempo não existe, onde os registros do cosmos repousam em silêncio, aguardando apenas o toque certo da consciência desperta.

Havia um silêncio diferente naquele espaço, não era ausência de som, mas uma presença densa de conhecimento, um campo de pura memória. A entrada da biblioteca não se dava por portas comuns, mas por um espelho de cristal azul-escuro incrustado em uma montanha esculpida por frequências. Ao tocar esse cristal, os guardiões foram absorvidos por um túnel de luz opalina,onde as paredes pareciam feitas de constelações em movimento. Do outro lado, estavam em Eluhim — a guardiã do Saber Primordial do Reino Interno.

Eluhim — A Biblioteca do Tempo Profundo.

Ali, os livros não tinham páginas.
As memórias eram armazenadas em prismas etéreos, flutuando em fileiras infinitas. Cada prisma vibrava com a frequência de um tema:

civilizações esquecidas, linhagens galácticas, mapas estelares, profecias, origens humanas, estruturas do multiverso… Quando alguém se aproximava, o prisma ativava sua projeção: imagens, sons, sentimentos, realidades inteiras se desdobravam, e a pessoa era envolvida por uma experiência completa. Um dos guardiões, em profunda sintonia, acessou um prisma raro — marcado por um símbolo ancestral da Lemúria. Ao tocá-lo, foi conduzido à visão de um tempo onde humanos e seres aquáticos caminhavam juntos, antes mesmo da densidade física tomar forma.

Outros guardiões acessaram registros de Atlântida e viram como o uso desequilibrado do som e da geometria havia quebrado as pontes com os mundos superiores, mas ali, em Eluhim, não havia julgamento, só compreensão — cada linha do tempo mostrava a beleza e o aprendizado da evolução.

Os Arquivistas de Eluhim.

Seres translúcidos, altos e calmos, com olhos que continham galáxias inteiras, eram os cuidadores da biblioteca, chamavam-se Os Sha'Kaari — conscientes do tempo e da não-linearidade do saber. Eles não explicavam. Eles conduziam para dentro.

Um deles se aproximou de Clara e disse:

— “Você não veio aprender, veio lembrar.
O saber não está fora, Esta biblioteca só te mostra o que já pulsa em suas células.” Cada guardião teve um encontro profundo com um aspecto esquecido de si:

• Uma vida em um planeta onde a música era arquitetura
• Uma missão estelar interrompida por uma guerra em Andrômeda
• Uma conexão com seres do interior solar
• E, para alguns… a lembrança de serem parte dos próprios Sha’Kaari em outras linhas do tempo

As Câmaras dos Futuros Não Nascidos.

No centro da biblioteca, havia uma câmara proibida para quem ainda vibrava no medo:
A Câmara dos Futuros Não Nascidos. Ali estavam registros de futuros possíveis — alguns harmônicos, outros caóticos. Mas todos criados pelo pensamento humano e pelas influências interdimensionais. Os guardiões puderam ver que as decisões de agora moldavam realidades inteiras. E que muitas profecias antigas eram apenas linhas possíveis — não destinos fixos. Foi ali que compreenderam o verdadeiro poder da co-criação e o motivo pelo qual a Terra havia sido escolhida como o ponto de unificação.

Ao Saírem de Eluhim.

A biblioteca não tinha saídas, ela desaparecia quando o aprendizado era integrado. Ao saírem, os guardiões estavam transformados, haviam acessado não apenas memórias, mas também ativações profundas de sua consciência estelar. Sabiam que agora estavam prontos para participar da convocação do Concílio das Três Galáxias, e que precisariam levar à superfície os ensinamentos acessados — não apenas com palavras, mas com frequência e exemplo.