terça-feira, 3 de junho de 2025

Capítulo 54

O Templo dos Espelhos — O Encontro com o Eu Cósmico.



Situado no ponto mais elevado de Thalhar, onde o céu parece tocar o chão em véus azul prateados, está o Templo dos Espelhos Eternos. Não é feito de pedra, nem de cristal. Sua estrutura é composta por fragmentos de realidades, moldados pela consciência de quem entra. Cada espelho reflete não apenas o corpo, mas os aspectos ocultos do ser... os esquecidos, os reprimidos, os sagrados.

Clara e Miguel atravessaram o limiar e sentiram um leve torpor, como se estivessem flutuando em uma água feita de luz. Diante deles, os espelhos começaram a se acender um por um... Mas não com reflexos. Com possibilidades.

Clara viu a si mesma... com asas.

Voando sobre planetas desconhecidos, tocando as almas com fios dourados que saíam de seus dedos. Era chamada de Elrah, um nome antigo que ecoava em seus registros akáshicos. Ela era uma das semeadoras da luz líquida — seres que vieram de uma dimensão acima da décima para plantar partículas de despertar em mundos adormecidos.

Ela escreveu no Livro Vivo:

“As minhas asas não nascem das costas. Elas nascem quando aceito ser quem sempre fui.”

Miguel viu o Guardião Solar.

Um ser feito de energia incandescente, olhos como sóis binários, com um cajado que não controlava... mas traduzia as vontades do Sol Central para mundos que haviam se afastado da harmonia. Ele compreendeu que esse Miguel sempre o habitou. Um fragmento de sua alma que aguardava ser ativado. Ambos se olharam, e perceberam: estavam agora prontos para integrar suas identidades cósmicas com a missão terrena. O amor entre eles não era apenas romântico — era uma aliança entre frequências complementares, uma sinfonia feita de almas que já haviam se amado em infinitos planos.

A Câmara das Chamadas Eternas

Dentro do templo, havia uma sala silenciosa onde tudo era feito de espelhos líquidos. Ao entrar, o ser era envolvido por uma névoa e “chamado” para sua próxima tarefa cósmica. A câmara vibrava em tons de ametista e esmeralda. Ali, Miguel e Clara foram visitados por um Conselheiro Estelar Ancião, que surgiu entre os reflexos.

“Apenas quem se reconhece em todos os reflexos pode cruzar para Ormuhr. A Constelação esquecida aguarda seus guardiões.”

Ele estendeu um disco de luz a cada um. Não era um objeto físico, mas uma frequência... uma senha vibracional. Clara o sentiu no centro de seu peito. Miguel, no plexo solar. Antes de partirem, os espelhos mostraram um último reflexo:

Eles juntos... guiando uma civilização recém-desperta em um planeta de atmosferas cantantes, onde o tempo se movia em ondas. Tudo estava se alinhando a travessia para Ormuhr aconteceria através de um portal-lótus, escondido entre os cristais de uma cascata viva ao sul de Thalhar. 

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