quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Capítulo 64

Shara’tam. As Câmaras Harmônicas e o Desvelar do Tempo Cristalino.


Após a ativação vibracional nos Jardins do Som Perfeito, Clara e Miguel foram guiados por uma das Guardiãs do Som — uma entidade de silhueta translúcida chamada Lirael. Sua voz não era feita de palavras, mas de acordes que vibravam direto no coração. Cada frase entoada por ela se manifestava em formas geométricas flutuantes, como se o próprio universo estivesse desenhando o significado da linguagem.

Lirael conduziu os viajantes por um corredor espiralado revestido de minerais vivos, que pulsavam em tonalidades lilás e azul profundo. No final da espiral, encontrava-se a entrada das Câmaras Harmônicas, locais de profunda reconexão com a origem sonora da existência.

As Câmaras Harmônicas

Dentro das câmaras, não havia luz ou sombra — apenas vibração. As paredes vibravam com notas tão puras que dissolviam memórias antigas, traumas cristalizados e até mesmo a ilusão da separação. Ao entrar, cada ser era recebido por uma “melodia-mãe”, sua frequência de origem, seu tom perdido entre as encarnações.

Clara escutou uma nota que lembrava vento dançando entre folhas douradas — uma lembrança de sua passagem por Vênus em eras antigas. Miguel, por sua vez, ouviu o som da forja cósmica: metal sagrado sendo moldado por mãos estelares, lembrança de sua linhagem solar forjada nos templos de Netuno.

Ali, compreenderam que todas as existências são ecos de um único acorde — fragmentos da Sinfonia Primeira do universo. E cada alma que se lembra, afina o mundo mais uma vez.

O Tempo Cristalino

Após saírem das Câmaras Harmônicas, Lirael os levou à Praça do Tempo Cristalino — um local circular onde o tempo não era contado por relógios, mas por geometrias que se moviam lentamente, como flores abrindo em compassos eternos.

No centro da praça, pairava um Cristal do Éter em formato de dodecaedro suspenso. Cada face refletia um tempo diferente: Atlântida, Lemúria, Tartaria, futuros paralelos, e civilizações ainda não sonhadas.

Miguel tocou uma das faces com a palma da mão e viu cenas de Tartaria antes da queda: os gigantes caminheiros ensinando a matemática das flores, as torres ressoando como órgãos celestes, e humanos despertos, vivendo em comunhão com o som, a luz e a geometria.

Clara, ao tocar outra face, viu uma Tartaria futura — ressurgida. A tecnologia vibracional reaparecia, os jardins se abriam novamente nas cidades, e a Torre do Som Perfeito se erguia no centro de uma nova civilização: um mundo que unia ciência e espírito.

Lirael explicou:

“O tempo linear foi uma ilusão necessária para o esquecimento. Mas a música do tempo sempre foi espiral. Aqui, em Shara’tam, vocês lembrarão não apenas o que foram, mas o que ainda serão.”

O Juramento de Retorno

Antes de partirem de Shara’tam, os viajantes se reuniram com os outros seres despertos — guardiões das torres, viajantes do céu, portadores da memória planetária — em um círculo vibracional.

Cada um entoou sua nota de origem, e juntos criaram uma melodia que rasgou os véus das dimensões, abrindo passagens entre mundos esquecidos e futuros possíveis.

Foi ali que Clara e Miguel prometeram: quando a Terra estiver pronta novamente para escutar, eles voltarão.

Com as marcas do som em seus corpos e a memória do silêncio restaurada, partiram rumo à superfície, agora diferentes. Portavam consigo o mais precioso dos presentes: o acorde que reaproxima o mundo de si mesmo.

"Quando o mundo esquecer o caminho, siga o som. E quando o som se calar, ouça o silêncio. É ali que estamos."


10 comentários:

  1. uma entidade de silhueta translúcida chamada Lirael. Sua voz não era feita de palavras, mas de acordes que vibravam direto no coração. Cada frase entoada por ela se manifestava em formas geométricas flutuantes, como se o próprio universo estivesse desenhando o significado da linguagem... Imaginação fantástica, constrói sonhos, mundos transcendentais, onde não existem limites, barreiras... E o mais incrível, sua narrativa é tão rica, eu chego a ver exatamente a imagem que sei texto descreve com perfeita síntese... Seu texto é arte!

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    1. Meu lindo, muito grata pelo que diz sobre tudo que escrevo! Gratidão Deschamps!! 🌹❤️😘

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  2. As paredes vibravam com notas tão puras que dissolviam memórias antigas, traumas cristalizados e até mesmo a ilusão da separação... Sim faz total sentido, tudo o que é essência, puro, divino tem o poder curativo... Acho que nosso desafio é dissolver estas memórias que operam como miasmas, nos liberar de todos os condicionamentos, nos desidentificarmos com o "pequeno eu" subjulgaro por desejos, dores, medos e crenças limitantes... Enfim alcancarm a cura para nós e libertar da ilusão que nos mantém aprisionados neste plano, neste looping infinito de samsara, e assim possamos voltar para a fonte criadora, nosso lar nas estrelas, seja lá onde for isso

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  3. Que trecho poético: "...compreenderam que todas as existências são ecos de um único acorde — fragmentos da Sinfonia Primeira do universo. E cada alma que se lembra, afina o mundo mais uma vez..."

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    1. Gratitude for being here💞☺️🙏
      I am the poetry that echoes in the world and between WORLDS...✨✨🫶
      Half of me is love... and the other too ❤️🫶✨💞🧘

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    2. Gratitude for being here💞☺️🙏
      I am the poetry that echoes in the world and between WORLDS...✨✨🫶
      Half of me is love... and the other too ❤️🫶✨💞🧘

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  4. "...humanos despertos, vivendo em comunhão com o som, a luz e a geometria...." Sabe, agora, absolutamente solitário, as vezes por dias sem ver ou falar com alguém, começo a sentir essa reconexao com a vida pulsando em toda parte... É incrível, ando inundado por gratidão infinita, distante de tudo, em silêncio, paz, amor e alegria.... É estranho pois é suave, sem impulsos, sem euforia, é absolutamente sereno...

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    1. Lindo o que me descreve... 🙏
      Essa paz me inunda tbm, mesmo em meio a multidão, do mundo, eu não deixo nada me tirar essa paz! Grata por compartilhar a sua beleza interior que me encantou! Forever ❤️
      You will be with me forever❤️🌹

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  5. Cada um entoou sua nota de origem, e juntos criaram uma melodia que rasgou os véus das dimensões, abrindo passagens entre mundos esquecidos e futuros possíveis... Como será a experiência de dissolver a ideia de separação dimansional? O que haverá na unificação dimensional ? Talvez a singularidade, o todo e o nada, um ponto de matéria, sem tempo, sem espaço, sem limites....

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