quarta-feira, 28 de maio de 2025

Capítulo 51

Os Tha’Luriah — Arquitetos da Lembrança Cósmica.


Em Alhemyar, os Tha’Luriah não apenas guardavam o coração da criação — eles eram parte dele. Eram consciências ancestrais que escolheram permanecer na vibração pura da Centelha para lembrar às galáxias quem elas eram antes do tempo.

Seus corpos não eram estáticos: fluíam entre formas sutis, pareciam véus de luz caminhando sobre sinfonias. Tinham olhos que refletiam o cosmo e mãos que não tocavam, mas ativavam estruturas através do olhar profundo e silencioso.

Eles não ensinavam como os mestres conhecidos — não havia palavras, livros ou explicações. Havia imersão direta na vibração do saber. Miguel, em silêncio, compreendeu geometrias do nascimento estelar que jamais haviam sido reveladas. Clara acessou visões de seus múltiplos eus, encarnados em constelações distantes, vivendo diferentes lições, todas ligadas pela mesma melodia da alma.

O Salão das Memórias Incristaladas.

Os Tha’Luriah conduziram os dois guardiões ao Salão das Memórias Incristaladas — um vasto campo flutuante repleto de cristais que giravam sobre si mesmos, emitindo cantos harmônicos. Cada cristal continha a lembrança de um mundo, uma raça, uma jornada. Eram como capítulos de um Livro Estelar, mas que não se liam com os olhos — entravam-se neles.

Clara mergulhou em um cristal cor esmeralda e viu um povo de água, que comunicava-se apenas por pulsações no líquido. Eles eram pacíficos e curadores do campo emocional das galáxias.

Miguel entrou em um cristal azul-prateado e se viu em outra forma: um ser alado de luz cintilante, voando entre anéis de planetas, transmitindo harmonia aos sistemas solares em desequilíbrio.

Os Tha’Luriah disseram:

“Cada raça nasce de uma intenção da Fonte. Cada forma de vida é uma resposta a um amor que pediu para florescer.”

A Linguagem Dourada.

Em cerimônia silenciosa, um dos mestres, Ylhân, ofereceu a eles a Linguagem Dourada, uma forma de comunicação cósmica que não se pronuncia, mas se sente. É através dela que as consciências superiores se conectam com os corações que vibram no tempo certo da escuta.

Essa linguagem não impõe, convida. Não ensina, lembra suavemente.

Clara escreveu em seu Livro Vivo:

“A sabedoria que vibra na suavidade alcança reinos que o grito jamais tocaria.”

O Coração Eterno de Alhemyar.

Antes de partirem, os Tha’Luriah levaram os dois guardiões ao centro vibracional de Alhemyar: um espaço que não era físico, mas perceptível. Lá, viram o núcleo da Centelha Primordial, um pulsar dourado que irradiava amor em todas as direções, sustentando dimensões e realidades. Foi ali que compreenderam que toda criação verdadeira nasce do silêncio amoroso da Fonte. E que os mundos que esquecem isso adoecem, mas também podem ser curados com reconexão. Ao voltarem para as trilhas cristalinas, a última mensagem dos Tha’Luriah ecoou como música sem som:

“Levem a lembrança. Espalhem-na. E quando Thalhar abrir seu véu, saberão o que fazer.”

E então, um novo brilho surgiu no horizonte da consciência: Thalhar, o planeta invisível ao olhar comum, mas pulsante ao coração desperto.


7 comentários:

  1. Para de lembrar... Das galáxias antes do tempo... Que incrível raciocínio...

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    1. Obrigada Deschamps 🌹

      Comecei o romance em uma plataforma onde posso escrever e ninguém poderá copiar, como aqui. Lá, tudo que escrevo tem direitos reservados, e o romance está ficando lindo. O romance se passa em Paris na década de 1978. ✨🫶☺️

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  2. Essa linguagem não impõe, convida. Não ensina, lembra suavemente... Sempre o conceito de lembrar... Ou seja tudo já é, todo o universo, toda a criação é matéria mental...

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  3. "toda criação verdadeira nasce do silêncio amoroso da Fonte", isso é tão poético e intenso que novamente me faz pensar em Jack Kerouac no livro On the road, ou Pé na Estrada.

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  4. A reconexao, ou seja o lembrar, cura! E nosso processo nessa existência é certamente reconectar com nossa essência transcendente.

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  5. Sabe... Me fez pensar da importância de espalhar amor e luz pelo mundo... toca o coração e eleva a alma, lembra que, mesmo em meio ao caos, há sempre um caminho de volta à Fonte. Excelente!

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