quarta-feira, 16 de abril de 2025
Capítulo 7 — Como se Já Fôssemos
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A tarde passou rápido e a noite chegou com sua beleza e frescor.
Naquela noite, enquanto o céu limpava as últimas nuvens da chuva e as estrelas voltavam a brilhar com timidez, Clara deitou cedo, observando o tempo lá fora e pegou no sono, e teve um sonho. Ou talvez não fosse exatamente um sonho — era mais real do que qualquer coisa que pudesse lembrar.
Ela estava em um campo de lavanda, o ar denso de perfume e brisa. Vestia roupas de outro tempo, e seus pés estavam descalços. À sua frente, um homem se aproximava. O mesmo olhar. O mesmo sorriso. Era Miguel, mas também não era. Era ele com outro nome, outro corpo, e ainda assim... ele. A alma era a mesma.
— Já nos encontramos antes — ele disse, sem surpresa. — Várias vezes. Em tempos em que nem sabíamos o que era o amor… e mesmo assim, já éramos.
Clara queria perguntar mais, entender onde estavam, por que sabiam tanto e tão pouco. Mas as palavras lhe escapavam. Só conseguia sentir — e sentir era tudo. O toque das mãos, o calor do peito dele contra o dela. O tempo ali era circular, infinito, sem começo ou fim.
Acordou com lágrimas nos olhos e uma paz estranha no peito. Miguel ainda dormia, com a mão estendida na direção dela, como se, mesmo dormindo, soubesse que ela precisava estar perto.
Naquela manhã, ela contou o sonho. Miguel a escutou em silêncio, com atenção quase sagrada.
— É estranho... — ele disse por fim. — Essa noite, eu também sonhei com você. Mas você tinha outro nome. Estávamos em um lugar cheio de luz, e você dizia que eu tinha me atrasado de novo… como se fosse uma brincadeira antiga entre nós.
Clara riu, emocionada.
— Talvez a gente esteja se reconhecendo. Não só agora. Mas de sempre.
Eles se abraçaram, e por um segundo, o tempo pareceu curvar-se ao redor deles. A estrada à frente já não era apenas uma viagem no espaço. Era uma travessia entre vidas, encontros e recomeços.
Era amor que vinha de outros mundos — e que, agora, encontrava forma mais uma vez.
---Continua---
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